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Reflexões sobre uma sola de tênis

 Quanto gasta um tênis a cada vez que pisamos no chão? Quanto custa andar a pé?


Reflexão sobre uma sola de tênis

Uma pessoa comprou um par de tênis novo e teve a paciência de o usar sempre com um pedômetro (um medidor de passos). Essa pessoa fez isso até que os sulcos da sola desaparecessem ou se tornassem tão rasos a ponto de não mais impedir o escorregamento em chão molhado; ou seja, até ficar inutilizado. Durante esse tempo essa pessoa deu cerca de 800 mil passos, 400 mil com cada pé.

A espessura inicial dos sulcos na sola do tênis quando novo era da ordem de 2,5 mm. Como esses sulcos praticamente desapareceram depois de 400 mil vezes que o tênis foi encostado no chão, concluímos que a cada encostada no chão ela perdia uma camada com espessura da ordem de 2,5 mm dividido por 400 mil, ou seja, 0,000006 mm (6·10-9 metros ou 6 nano metros, 6 nm).

A sola do tênis é feita de borracha, uma cadeia formada por um milhar ou mais de unidades básicas, o isopreno, cuja fórmula química é C5H8. O tamanho aproximado dessa unidade básica é pouco menor do que 1 nm. Portanto, podemos concluir que a cada vez que o pé encosta no chão o tênis perde uma camada cuja espessura corresponde a meia dúzia de moléculas.

Se você fizer o mesmo raciocínio e o mesmo tipo de estimativas vai perceber que o gasto de um pneu de carro a cada vez que ele encosta no chão é menor do que o de um tênis: não muito mais do que uma camada cuja espessura é da ordem de uma molécula, apesar de a o peso sobre cada uma das rodas de um carro ser carca de três vezes maior do que o peso de uma pessoa.

Claro que o gasto do tênis depende do peso da pessoa que o usa, de como ela anda, do tipo de solo onde caminha. Mas de qualquer forma, a ordem de grandeza é aquela: algumas camadas de espessura de uma molécula a cada pisada.

 

Quanto custa andar a pé?

Quando andamos a pé, gastamos a sola do calçado e consumimos energia. Quanto isso custa? Vejamos.

O tênis citado custou 250 reais em meados de 2025 (*). Com ele foi possível dar 800 mil passos antes de ficar inutilizado, o que corresponde, grosso modo, a 500 quilômetros. Portanto, andar com ele custou 50 centavos por quilômetro. Mas esse não é o custo total de andar a pé.

A cada quilômetro que andamos a pé ou corremos a baixa velocidade, gastamos cerca de 0,7 quilocaloria (kcal) por quilograma de nossa massa a cada quilômetro. Por exemplo, uma pessoa de 80 kg, que é o caso daquela pessoa do tênis citado, gastava 0,7·80 = 56 quilocalorias por quilômetro. E esse gasto deve ser compensado pela alimentação.

Naquela mesma época, meados de 2025, cada quilocaloria de alimento, usando uma média entre comida in natura, comida por peso em restaurantes que atendem tipicamente trabalhadores urbanos e um pãozinho de padaria, custava cerca de 0,03 reais por kcal. Portanto, aquelas 56 kcal gastas por quilômetro custam cerca de 2 reais.

Conclusão: andar a pé custa alguns poucos reais por quilômetro.

 

(*) Para atualizar de forma rápida os valores citados aqui, considere que na mesma época uma passagem de ônibus urbano custava perto de 5 reais, um litro de gasolina, 6 reais, um quilograma de pão, cerca de 20 reais. Use uma média desses valores para atualizar os valores aqui citados.

 

 

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