O esporte não é um forte brasileiro. De fato, atividades esportivas - ou melhor, "esportivas" -, como o futebol, basquete, vôlei etc., só têm algum destaque por causa de seus aspectos comerciais, não por causa do esporte em si. Esportistas de verdade encontram condições muito precárias para desenvolver suas habilidades; escolas não apresentam incentivo algum; não há equipamentos públicos e pessoal preparado para atender e orientar os e as atletas em quantidade suficiente. Além dessas, há muitas outras mazelas que fazem com que o Brasil apresente um desempenho pífio quando em competições internacionais.
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Essa última frase parece estar em desacordo com o desempenho do país em competições internacionais. Afinal, atletas brasieliros têm conquistado muitas medalhas. Mas não, não há desacordo entre esse fato e a afirmação acima. A questão é que o Brasil tem quase 200 milhões de habitantes e por pior que sejam as condições objetivas oferecidas aos atletas, o resultado parecerá bom por causa do tamanho da população. Isso vale também para literatura, ciência, esportes, PIB, ganhadores do prêmio Nobel etc. etc. etc.
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Vamos ver o último caso: embora a população do Brasil seja quase extamente a metade da população dos países sulamericanos, não temos nenhum ganhador daquele prêmio, enquanto os demais países têm dez! A diferença não é pequena.
E os esportes? A tabela 1 mostra o número de medalhas no pan-americano de 2011: somos o segundo colocado. Mas quando esses números de medalhas são relativizados pelas populações ou pelas possibilidades econômicas do país (os PIB, tudo muda.
A tabela 2 mostra números de medalhas para cada grupo de 10 milhões de habitantes: o Brasil, e, também, os EUA, que estavam no início da lista, vão para o final dela. A mesma coisa acontece quando o número de medalhas é relativizado pelas possibilidades econômicas dos países, seus PIB (tabela 3).
Quando a análise é feita considerando os Jogos Olímpicos, acontece o mesmo. Veja a tabela 4, na qual aparecem os países que conquistaram pelo menos dez medalhas nos jogos de 2008. Embora o Brasil tenha conquistado um número relativamente grande delas, 15, vamos para o final da lista quando relativizamos esse número pelas possibilidades do país, sejam essas possibilidades medidas pelo PIB, seja pelo tamanho da população.
O que causa essa situação? Por que não temos desempenhos equivalentes pelo menos igual à média dos demais países, ocupando uma posição intermediária, nem muito boa, nem muito ruim? Certamente, outros problemas brasileiros explicam nosso péssimo desempenho, seja quando consideramos ganhadores de medalhas esportivas, do prêmio Nobel ou de qualquer outra coisa que possa indicar características positivas de um país. Entre esses problemas estão a má distribuição de renda - uma das priores do Mundo -; um sistema educacional absolutamente insuficiente; um setor público que conta com poucos recursos para responder às demandas sociais do país; e os esporte e a educação, transformados pura e simplesmente em negócios.
Mas o que nos leva a essa situação? De um lado, uma elite que não abre mão de nenhum de seus privilégios - as quais ela chama de "direitos" - e de uma insuficiente capacidade do país, ou melhor, da grande maioria de sua população, de lutar por seus direitos e suas necessidaes, enfrentando aquela elite. Será que um dia isso mudará?
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Este blog analisa algumas atividades esportivas do nosso dia-a-dia do ponto de vista da física. Muitas das ideias que aparecem aqui foram exploradas em artigos publicados pelo autor em revistas nacionais e estrangeiras. Os textos podem ser reproduzidos para fins educacionais por instituições não comerciais nem lucrativas, citando-se a fonte. Visite também o blog http://fisicaenlatada.blogspot.com.br/
Post muito interessante e elucidativo.
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