A energia gasta internamente em nosso organismo é transformada em energia térmica, ou calor, aquecendo nosso corpo. Mesmo aquele gasto interno de energia que tem origem em movimentos mecânicos, como o fluir do sangue em nossas veias e artérias acaba, principalmente por causa da viscosidade do sangue, se transformando em energia térmica.
============================================================
Se você se interessa pela física do dia-a-dia, clique aqui
para ver o índice do livro Um Pouco da Física do Cotidiano
============================================================
Essa energia produzida internamente é essencial para manter nosso organismo a uma temperatura estável, próxima a 37 oC. Para garantir essa estabilidade, a natureza, pelos processos de seleção natural, desenvolveu uma série de mecanismos de controle de temperatura. Por exemplo, se perdemos mais energia térmica do que estamos produzindo internamente, sentimos frio e nossos músculos tremem para produzir calor, a corrente sanguínea torna-se menos superficial, para perder menos calor pela pele. Se necessário, temos uma reserva de gordura para “queimar” e produzir mais energia internamente, aquecendo o corpo. De outro lado, se perdemos calor a uma taxa menor do que precisamos perder para manter a temperatura constante, a corrente sanguínea superficial aumenta, aquecendo a pele e aumentando a perda de calor por radiação e condução ou começamos a suar. (Além desses mecanismos naturais de regulagem térmica há vários outros; Temos, também, os mecanismos culturais, como os abrigos e as vestimentas, as fogueiras e os aquecedores, os ventiladores e os condicionadores de ar etc.)
Assim, produzimos energia interna para manter nosso corpo aquecido. Mas, para manter o equilíbrio, precisamos nos livrar dela exatamente na mesma proporção que a produzimos, transferindo-a para o ambiente externo ao nosso corpo. Se perdêssemos energia a uma taxa maior do que é produzida, nosso corpo se esfriaria; se perdêssemos energia a uma taxa menor do que produzimos, nosso corpo se aqueceria.
Como transferimos para o ambiente essa energia térmica produzida internamente? Por radiação, por condução e pelo mecanismo de evaporação da água que produzimos ao suar.
Radiação: Tudo – pessoas, animais, nuvens, paredes, chão, roupa, pele, plantas, objetos etc, etc, etc – irradia energia na forma de onda eletromagnética. Assim, estamos o tempo todo irradiando energia para o ambiente e o ambiente irradiando em nossa direção. Se a temperatura da pele é superior à temperatura do ambiente (e não estamos expostos ao sol), então perdemos mais energia do que recebemos por esse processo. E, assim, refrigeramos nosso corpo.
Condução: O ar, se estiver mais frio do que nossa pele ou nossa roupa, irá se aquecer por condução térmica. Esse aquecimento (assim como as correntes de ar) provoca o seu deslocamento, que é substituído por uma porção de ar mais frio, que se aquece por condução e se desloca, sendo substituído por outra porção mais fria etc, em um processo combinado que é freqüentemente chamado de convecção. Podemos perder calor por condução para outras coisas além do ar: para a água, se estamos em uma piscina, ou para uma cadeira, se estamos sentados etc.
Suor: Se esses dois mecanismos de refrigeração não forem suficientes para transferir para o ambiente toda a energia térmica produzida internamente em nosso corpo, estão um terceiro é acionado, o suor. Quando suamos, uma camada de água se forma sobre a nossa pele. Essa água, ao evaporar, transfere energia de nosso corpo para o ambiente, refrigerando-o.
E é bom suar. Quando fazemos atividades físicas, para cada unidade de energia mecânica produzida, nosso corpo produz cerca de quatro unidades de energia química: uma para dar conta do trabalho externo e as outras três servindo para aquecer nosso corpo. Se a atividade física é relativamente pesada e não estamos dentro de uma piscina com água suficientemente fria para refrigerar nosso corpo nem o ambiente está especialmente frio, os mecanismos de radiação e condução (ou convecção) podem não ser suficientes. Então, começamos a suar. Para cada grama de água que evapora da superfície do nosso corpo, 540 calorias são perdidas.
E quanto precisamos suar? Claro que depende da situação. Mas, para ilustrar, vamos fazer uma conta simples. Suponha uma atividade física que provoque a produção interna de 200 calorias por segundo. (Isso corresponde aproximadamente a um jogo de futebol ou basquete ou a uma corrida.) Se essa energia for perdida apenas por evaporação do suor, concluímos que o atleta deve evaporar 200/540 gramas de água por segundo. Em uma hora de atividade ele deve, então, produzir cerca de um litro e meio de suor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário